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“Não tive sorte no amor, mas não desisti do sonho de ser Mãe”

Obituário

há 1 ano


08/05/2022 11h15


Mesmo não tendo boas experiências em relacionamentos, ela sentia o desejo ser Mãe, por isso foi em busca de alternativas, até que chegou na opção da fertilização in vitro. 

Próximo domingo, dia 8 de maio é comemorado o Dia das Mães. Em nosso meio temos tantos exemplos de Mães, as mais carinhosas, as mais bravas, as sentimentais, mães adotivas e tantos outros tipos de mães. Raquel Casagrande é um desses exemplos de Mãe. Ela que aos 35 anos tinha o desejo de ser mãe, mas não teve um relacionamento seguro a ponto de ter um filho(a), por isso e por esse anseio em ser Mãe, ela foi em busca de alternativas, até que chegou na opção da fertilização in vitro (FIV).

 

“Chegou um momento da minha vida, que eu sentia o desejo de ser Mãe. E os meus relacionamentos anteriores nunca deram certo e por isso não me sentia confortável em ter um filho(a). E como eu já estava com uma certa idade, e não via expectativas de encontrar uma pessoa e constituir uma família e começou realmente a despertar esse desejo de ser mãe fui atrás de realizar meu sonho”, explica Raquel.

 

Segundo ela, começou a pesquisar como funcionava e quais custos e maneiras de fazer.

 

“Como sou filha única e meu pai faleceu quando eu tinha 10 anos e minha mãe nunca mais se casou, sentia muita essa falta, só eu e a mãe então estava faltando algo. Tinha essa necessidade de ter uma família maior. Depois de muito pesquisar na internet sobre as formas, eu resolvi procurar um médico para tirar as dúvidas e dar os encaminhamentos. E então em agosto de 2020 marquei com o Dr Galo em Araranguá, expliquei a situação. Dai ele disse que daria de fazer a fertilização ou a inseminação que são dois procedimentos diferentes, só que a inseminação teria menor chance de dar certo. Pela minha idade ele sugeriu a fertilização. E então sai do consultório com uma lista de exames para fazer, fui só para tirar duvidas e sai com a lista de exames, e pensei, vou fazer os exames pra ver o que vai dar. Fiz todos os exames, deram certo, fui fazendo tudo sem pressa” destaca.

 

O doador e o processo

 

“Além de todo processo tinha também a questão do Pai, porque eu nem imaginava como funcionava. Foi onde o médico me explicou que existia um banco de sêmem com doadores anônimos. Foi então que procurei o Banco de Semem de Porto Alegre/RS, dai eles mandaram uma lista de amostra disponíveis. Não tem nome, nem foto, são códigos que eles usam para identificar as amostras. Ali tem a cor de cabelo, dos olhos, altura, peso, profissão, o que estuda, características dos pais do doador também. Então escolhi a amostra, fiz a compra e encaminhei para o laboratório. Dai iniciei as injeções para estimulo da ovulação, tem horário pra tudo, era tudo cronometrado, a hora de tomar a injeção, depois a hora da coleta, tudo certinho. Muito controlado. Um processo delicado e um pouco invasivo, pois as coletas eram bem dolorosas. Dai depois de todo processo, no dia 9 de março de 2021 eu fiz a coleta dos óvulos. Foram coletados 13 óvulos, desses 8 estavam maduros e já foram pro laboratório dai poderia implantar com 3 ou 5 dias, mas segundo o médico seria mais eficaz se fosse com 5 dias. Dai a amostra já estava aguardando os óvulos para ir para fertilização. No dia 14 eu retornei porque ai os embriões já estariam com 5 dias. Dai dos 8 óvulos que foram fecundados, 6 pararam de desenvolver no terceiro dia, dai só 2 continuaram o processo, e esses 2 já eram suficientes. Caso mais algum tivesse dado certo, eles poderiam ser congelados por mais 3 anos ou descartados” relata Raquel.

O processo para fertilização tem um  investimento algo em torno de R$40 mil reais. 

 

 

Muita Fé e devoção

 

Segundo Raquel entrou a questão da Fé, e da oração, porque ela não queria congelar e muito menos descartar os embriões, pois para ela eram vidas que ali estavam. “Foi algo que me pesou muito e eu quase desisti, porque pra mim eram vidas que estavam ali, e graças a Deus foram os dois que eu precisava. Eu rezei e pedi muito pra Deus e pela intercessão de Nossa Senhora, que ela desse a mim o que era meu. Eu não queria que fossem congelados ou descartados, porque isso ia pesar pra mim pro resto da minha vida. De todo o processo foi a única coisa que me pesou muito”, desabafa emocionada.

 

 

E para alegria de Raquel, ela foi atendida e apenas dois embriões se desenvolveram. “Me apeguei muito em oração e em Nossa Senhora, que se fosse pra dar certo que fosse dessa forma, que senão que nem desse certo que eu aceitaria. E eu não tentaria novamente, porque eu teria o entendimento que não era pra ser daquela forma.  E quando eles me falaram que só dois se desenvolveram, os dois fecundaram e hoje os dois estão aqui. E ainda tive a graça de vir um casal” relembra ela com muita alegria.

 

Enfim, o positivo

 

Raquel conta que esperou quase 15 dias, fez o teste de laboratório e o de farmácia, guardou e depois em um momento abriu em casa com a presença das Madrinhas e da mãe. “Foi um momento de muita emoção em olhar o resultado e ver aquele positivo, foi sensacional e dali pra frente era uma sensação diferente, só ainda não sabia se era 1 ou 2. Dai fizemos o ultrassom e logo já apareceu os dois sacos gestacionais e foi algo que eu nem consigo explicar a sensação em saber que eram dois. É algo surreal. E depois foi algo que eu desejei tanto. Eu desejei, planejei e Trabalhei muito meu psicológico pra tudo isso, e quando vi que deu certo começa a passar um filme na tua cabeça. Começa a te organizar para uma nova vida. Tudo muda a partir dali”, completa.

 

A gestação

 

Até o sétimo mês seguiu uma gestação tranquila. Ai no comecinho do oitavo mês um dos exames deu um probleminha no cordão do Anthony, ele não estava recebendo os nutrientes. “dai nos assustamos porque o médico disse que caso continuasse teria que fazer o parto deles antes, e mais uma vez nos apegamos na oração e em Nossa Senhora porque não queria passar por isso, porque ainda não era o tempo de eles nascer. Mas depois de 15 dias refizemos o exame e estava tudo bem, normal e inclusive já tinha recuperado o peso. Ai depois voltou o problema, e seguimos monitorando. E acabei tirando eles com 37 semanas.

 

Raquel organizou um Chá revelação na qual foi descoberto o sexo dos bebes e para surpresa de todos seria um casal. “Foi um dia muito especial”, finalizou.

 

 

Críticas

 

 

Como a fertilização de mãe solo, era algo novo e diferente, ela se preparou para as críticas, julgamentos e perguntas que receberia. “Foi algo que eu também me preparei muito antes de engravidar, pelo fato de ser cidade pequena, tudo muito conservador, eu tive muito medo de como as pessoas reagiriam. Eu tinha que estar preparada para receber muitas críticas e julgamentos. De talvez virarem a cara pra mim. Ou olharem para as crianças como crianças diferentes. Até tive um comentário meio infeliz, mas ignorei e segui minha vida, porque eu estava de consciência tranquila e estava muito feliz. Mas no mais tive tanto carinho das pessoas, tanto apoio e inclusive ajudei outras mulheres a tirar dúvidas sobre todo esse processo. Em Jacinto Machado foi o primeiro caso de fertilização de mãe solo. Além disso, muitas pessoas me perguntavam o que eu iria dizer pros bebes sobre o Pai. Foi outra situação que também me preparei muito, porque sei que vai chegar um momento que eles vão me questionar, até porque vai ter dia dos Pais, e os coleguinhas tem. Mas vou ser sempre muito aberta com eles, vou contar sim como foi todo processo, isso abertamente, sempre vou falar como foi. E vão crescer ouvindo o quanto foram desejados e o quanto eu quis. E sempre que tiverem dúvidas vou estar aberta para responder”, conclui.

 

De acordo com ela, o registro das crianças foi um pouco conturbado pois queriam uma declaração da Clínica para poder confirmar que havia sido fertilização e registrar como doador anônimo. Mas deu tudo certo depois.

 

Rotina em dose dupla

 

Como toda mãe de bebes a rotina é agitada, e no caso dela em dose dupla. “Uma rotina bastante agitada, mas gratificante, além disso é um sonho realizado. Estão hoje com 5 meses e me fazendo a pessoa mais feliz do mundo. Hoje vejo o quanto eles tem personalidades tão diferentes mas uma ligação muito grande entre eles, e isso tudo é mágico”, ressalta.

 

“É um amor que só cresce”

 

“Ser Mãe é um aprendizado contínuo, eu tiro muito pela educação que eu tive, até porque minha mãe é meu braço direito, é tudo pra mim, é quem me ajuda e me dá todo suporte que eu preciso. E quero repassar tudo que minha mãe me passou para meus filhos. Tento me organizar tanto financeiramente como meu tempo para me dedicar a eles. Então quero tentar filtrar e educar eles da melhor forma. O sentimento de mãe é algo que cresce todos os dias, parece que cada dia mais. A cada gesto que eles fazem, são fases deliciosas e que vai aumentando cada vez mais esse amor. E no meu caso demorou um pouco pra cair a ficha, mas hoje sou uma mãe e mulher super realizada e muito feliz. É um amor que só cresce. Tem dias que são mais cansativos, mas nada se compara ao amor, e cada fase deles que me faz ver a cada dia que eu fiz a escolha mais certa da minha vida. Trabalho durante o dia, e a mãe me ajuda muito também. Algo que eu sonhei muito, se viesse só 1, era algo que eu queria muito era ser mãe. E acho que completou muito mais a minha vida. E era uma casa vazia, e hoje parece que tudo se preencheu. Tudo mudou, inclusive eu como pessoa, como mãe. Sinto que evolui e mudei muito. Parece que a minha vida não tinha um sentido, depois que eles chegaram mudou todo o sentido das coisas e isso é maravilhoso” finaliza.

 

Anthony Davi nasceu com 2kg e a Giovanna com 2.200kg. E a rotina seguiu normal. Com os cuidados que todo bebê precisava, porém em dose dupla. O desafio foi depois em casa com a ajuda da minha mãe e das madrinhas, graças a Deus tenho uma rede de apoio muito grande e me ajudou muito. E depois minha vida seguiu tudo em dobro. Posso dizer que sou uma pessoa muito feliz e mais ainda realizada por ter me tornado MÃE.

Fonte: Jornal Volta Grande - Mariane Rodrigues

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