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Uma Mãe guerreira e mais que especial

Geral

há 3 anos


10/05/2020 10h07


Ela enfrentou dois abortos, a morte do pai, e um câncer. Hoje é uma mãe realizada e feliz com a filha Louise Helena.

Para você o que é ser Mãe? Uma pergunta que teria muitas respostas regadas a sentimentos especiais não é mesmo? São inúmeros tipos de mães mas independente de qualquer coisa todas são baseadas em um sentimento: O amor!

Hoje é comemorado o Dia das Mães e por isso trouxemos essa matéria tão linda, que conta a história de uma dessas Mães, que apesar de tudo que enfrentou não desistiu e hoje pode se considerar além de uma guerreira, uma mãe e mulher vitoriosa.  Janice Beloli Gonçalves Michels é psicóloga e mãe de Louíse Helena, uma linda criança saudável e com um sorriso encantador. Até ai parece uma história como de qualquer outra mulher não é mesmo? Mas ela conta um pouco de tudo que enfrentou e de como se sente grata pela família que conquistou. “Meu esposo e eu estávamos casados há algum tempo, Foi então em 2016 com o término do meu mestrado em Porto Alegre, que decidimos que seria o momento de termos um filho. Tudo foi planejado, buscamos especialistas e estava tudo certo. Dois meses depois, para nossa surpresa eu fiz o teste e veio positivo. Lembro até hoje, foi uma alegria que não cabia em nós, vontade de sair gritando a todos que eu estava grávida. Chegou o grande dia de ouvir o coração de nosso bebezinho. Fomos ao obstetra e a notícia foi esta: "infelizmente o bebê de vocês parou de desenvolver, está morto". Meu esposo e eu recebemos um choque emocional tão grande que ficamos perdidos, sem chão, saímos do consultório desolados, calados, lágrimas rolavam em meio a um silêncio estarrecedor.

 

Os meses seguintes foram frios; Nós dois ficamos muitos abalados emocionalmente. Mas seguimos sempre com muita oração e nos apoiando, depois de 6 meses resolvemos tentar uma nova gestação. Porém passou 1 ano e não conseguimos mais. Depois em 2017 engravidei novamente (trocamos até de especialistas) a alegria tomou conta de nós mais uma vez e agora ainda mais, pois tínhamos certeza que daria certo. Dessa vez contamos para família e amigos íntimos, todos comemorando. Agradecemos muito a Deus, porém no obstetra a notícia se repetia:" O coração do bebê parou de bater; O feto está pequeno para as semanas que tem." Ninguém tem idéia do que sentimos neste momento. Uma dor sem fim. Novamente passamos por nosso luto, mas juntos e em oração. Novamente eu esperei, não quis fazer curetagem.

 

Dentro daquela caixinha vinha nossa última esperança, era a última vez que tentaríamos

 

Começamos uma pesquisa muito grande e decidimos ir para São Paulo no Dr Ricardo Barine em janeiro de 2018, pois era óbvio que tinha algo errado.

Foi então que em SP foi descoberto que eu tinha trombofilia ou seja quando eu engravidava meu sangue não passava o suficiente no cordão umbilical e o bebe morria de fome. E também deu outro problema nas células NK que são células de defesa do organismo. Mas com isso saímos de lá animados pois agora havia um diagnóstico.

Precisava tomar alguns medicamentos antes de engravidar e um deles vinha da Áustria, Com isso iniciamos outra luta, e o medicamento aqui no Brasil só se conseguia em ambientes hospitalares e tinha um custo de R$ 3.500 reais a dose eu precisava tomar a cada 21 dias. Iniciamos uma grande pesquisa e meu esposo descobriu o mesmo medicamento em uma distribuidora de importação no Rio de Janeiro por R$ 83,00 reais a dose. (Sem comentários).  O casal de amigos Jeovane e Rita, que foram anjos nos ajudaram com o envio do medicamento, e nos pouparam uma viagem até o RJ para buscar o remédio. Dois meses depois, dia 9 de maio de 2018 novo exame, eu estava grávida novamente (foram três gravidez naturais) chorávamos de felicidade e  agradecia a Deus ,um sentimento que não cabia em nosso peito. Aí fomos em busca de outro medicamento que devia ser aplicado ( injetável) todos os dias da gravidez até 1 mês após o parto para afinar o sangue .Como era de alto custo, fomos comprando e entramos com processo judicial, foi uma luta pois nos foi negado por duas vezes. Na 3 vez ganhamos a causa.

Meu esposo que aplicava as injeções todos os dias em volta de meu umbigo.

 

A doença do Pai

 

Era mês de maio (mês das mães e de Maria) mês da minha gestação, neste mês veio outra grande provação: meu pai que era tudo para mim fez uma cirurgia onde o acompanhei e daí para frente ele ficou acamado, minha gestação inteira ele ficou entre a vida e morte. Eu precisei lutar aos extremos, minha filha no ventre e ele na cama lutando pela vida. Cuidamos de meu pai Clemente todos os finais de semana, ele já não me conhecia, era uma dor terrível. Contamos com ajuda de nossas famílias e amigos neste momento.

 

O sonho realizado de ter uma menina

 

Sempre tivemos vontade de ter 1 menina e sim, era uma menina. Demos a ela o nome de Louíse Helena. Louíse (significa guerreira) Helena ( nome de minha mãe, significa luz). A gravidez transcorreu normalmente, todos os exames normais, felicidade sem fim. No quinto mês de gestação eu perdi todos os meus sintomas da gestação, mas graças a Deus estava tudo bem.

 

Minha mãe Helena ,mesmo imersa a dor me protegia  e me  acolhia .Mesmo  em meio a tudo isso curtimos muito a gestação de Louíse Helena;  cada vez que se mexia  no ventre, era uma festa lá em casa. Algo inexplicável ter um outro ser dentro de nós. Algo de Deus.  No dia 11 de marco de 2019 nossa luz nasceu. No momento que dei entrada no hospital fiquei sabendo que meu pai havia piorado ainda mais. Pedi a Deus e Nossa Senhora para cuidar dele mas eu estava radiante: iria ser mãe!

 

Então as 13h30 do dia 11 março de 2019 eu ouvi o choro de nossa filha; nós chorávamos, não tem como explicar parecia mentira, meu Deus depois de tanta luta ela estava ali: eu só conseguia gritar filha , filha , enquanto as lágrimas despencavam.   

Louíse Helena nasceu saudável e quando fomos para casa Giovani e eu íamos no quarto espiar pois parecia mentira que a gente tinha uma bebê  em casa, Louíse Helena dormia a noite toda, um bebê que nunca nos deu trabalho. No auge da felicidade, eis que  15 dias após seu nascimento o estado de saúde de meu pai piorou e ele não  conseguiu conhecer  minha filha ,era meu grande sonho, mas ele precisou partir . Agora uma mãe no auge da felicidade e uma filha no auge da tristeza pela morte do pai, era assim que me sentia. Meu chão caiu novamente mais quem é mãe sabe da força que temos. Aos poucos fui me reerguendo.

 

 

A descoberta

 

Alguns dias após a morte de pai fomos fazer o plano de saúde para Louíse Helena, a mãe mais orgulhosa do mundo, passamos no Santuário Nossa Senhora de Caravággio para agradecer. Eis que a  médica perita do plano falou exatamente assim “você sabe que a filha de vocês tem síndrome de Down né?" Eu estava na quarentena, enfraquecida pela morte do pai e recebo está notícia assim, eu só respondi: Não!!!

Olhei para ela e meu mundo desabou. Trabalhei anos dentro de APAE, faculdades nesta área, pós graduação, mestrado, atendo muitas crianças com Down, olhei as marquinhas na mãozinha dela quando nasceu (pois crianças especiais tem um traçado diferente nas mãos) mas ela não tinha .E os exames gestacionais que não acusavam nada? enfim eram tantas perguntas tudo sem respostas. E os médicos no parto? ninguém percebeu? quem é mãe sabe como nos preocupamos com os filhos e sua independência. Pediram um exame do coração para ver se tinha cardiopatia, comum nas crianças com Síndrome de Down. Mas novamente todos os exames deram normais. Então eu quis fazer o exame cariótipo, que é específico para Síndrome de Down, levou 46 dias intermináveis para chegar o resultado. Enquanto especialista na área, fiz vários testes com ela mais nada que identificasse algo. No dia 22 de maio (novamente mês das mães e mês de maria) O exame confirmou. Naquela semana era festa no Caravaggio fui até Nossa Senhora e disse “teu filho transformou a água em vinho, pede para ele transformar na minha filha e dar toda independência  a ela” Esse momento difícil também passou, Louíse Helena já estava  com 5 meses, linda, cada dia mais inteligente, cada dia mais feliz por esta  graça de DEUS em nossa vida.

 

 

O câncer

 

Eis que no dia 15 de agosto (véspera do aniversário de casamento) após algumas dores e exames, veio o meu diagnostico, carcinoma epidermoide (câncer). Um grande susto.  Logo em seguida fui submetida a tratamento de quimioterapia e radioterapia que me deixaram com 30 kg mais magra. Os médicos não me deram chances de cura e mesmo se curasse deveria usar bolsinha de colostomia para o resto da vida. Tive o apoio de todos; minha sogra como sempre me auxiliando nos cuidados com Louise Helena, meu esposo virou pai e mãe. Minha mãe (comigo e minha irmã com câncer no mesmo momento) guerreira como sempre, se juntou a milhares de pessoas em oração, meus amigos criaram um grupo no watsapp para me cuidar no hospital. Tenho tanta gratidão por ter pessoas tão especiais em minha vida.  O momento mais difícil foi quando eu já estava muito debilitada e sai de casa para mais um ciclo de 7 dias internada no hospital para a quimioterapia, Louise Helena estava na janela no colo da vó, eu entrei no carro e fui olhando ela até ela sumir de meus olhos,sem saber se seria a última vez que a veria( já que a quimioterapia era de alto risco de morte)aos prantos e segurando meu terço nas mãos eu rezava. Enfim eu sempre tive muita fé que me curaria. E fiz um proposito que se me curasse atenderia todos as pessoas com câncer gratuitamente já que eu e meu esposo somos psicoterapeutas. No dia 26 de novembro veio o resultado dos exames: eu estava curada e sem nenhuma sequela e hoje estou cumprindo meu propósito.

 

 

“Ser mãe é coisa de Deus”

 

Nosso dia a dia é presente dos céus, de manhã ficamos em casa com Louise Helena curtimos ela integralmente. Louíse Helena foi dispensada dos profissionais como fisioterapeuta e outros por não necessitar dos atendimentos já que vem se desenvolvendo muito bem, realiza tudo o que uma criança de sua idade faz. Ela vem surpreendendo os médicos. Nossa menina é nossa luz, é o amor maior do mundo. Eu passaria por tudo e muito mais.

 

 Ser mãe é coisa de Deus, é o amor mais sublime que já conheci. Sou grata a Deus e Nossa Senhora todos os dias, por todos os milagres que já recebemos. É uma criança amada por todos, por onde passa todos querem estar pertinho. E eu  digo mais: minha filha vai desafiar a ciência por meio da fé, ela será o que ela quiser.

 

 Por isto mães, não desistam de seus sonhos, lutem, acreditem, a vida nem sempre é fácil mas ela é perfeita. Tenham espiritualidade, tenham fé e verão os milagres de Deus acontecendo diariamente. Há grandes missões em meio as dificuldades. Gratidão é a palavra. Amamos você filha.

Fonte: Mariane Rodrigues/Jornal Volta Grande

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